28 novembro 2006

Toda a magia de Natal, em Salzburg

por Csilla Banfoldy

A Feira de Natal - “Christkindlmarkt”


“Na época mais tranqüila do ano”, a cidade de Salzburg apresenta o seu lado encantado. Cinco semanas antes do Natal, a feira de Natal Salzburguense abre suas portas, uma tradição existente já há 34 anos. Espera-se que por volta de um milhão de visitantes até o dia 24 de dezembro passem por lá. 60 % são turistas e, deste número, 40 %, são crianças. Este grande número de crianças pode ser explicado por causa da vasta oferta de gulodices como algodão doce, maçã caramelizada, maçã do amor, frutas cobertas de chocolate e brinquedos feito a mão.
Cheirinho de amêndoas torradas e caramelizadas, vários tipos de groges, vinhos quentes com seus sabores diferenciados, como a de canela, cravo e laranja deixam o visitante num verdadeiro paraíso de perfumes natalinos. A atmosfera mágica é completada quando começa a escurecer e todas as luzinhas nos pinheiros, nas barraquinhas e nas janelas das casas iluminam a feira. Acompanhando esse espírito natalino, deve-se experimentar, fora a grande variedade de salsichas (Frankfurter, Käsekrainer, Berner, Nürnberger) um pacotinho de Maroni - “castanhas portuguesas” assadas quentes, ou ainda uma saborosa batata assada, chamada Ofenkartoffel com ou diferentes molhos e recheios.
O Christkindlmarkt – Feira de Menino Jesus –, que conta com 84 barraquinhas, este ano, pela primeira vez, apresentam uma variedade de ofertas, agrupadas em seis setores para o consumidor melhor se orientar: 1. Decoração e arranjos de Natal, velas e incensos perfumados; 2. Comes e bebes; 3. Produtos têxteis naturais; 4. Enfeites e trabalhos artísticos natalinos, brinquedos e presépios; 5. Doces e café; 6. Esse(s) e mais aquele(s), bijuterias e jóias. Além dos seus vários produtos o Christkindlmarkt é animado por vários eventos natalinos, por exemplo, corais, com suas músicas tradicionais de Natal ou visitas às igrejas.

Para saber mais detalhes, acesse os sites abaixo e deixe sinta o espírito de Natal!
Christkindlmarkt Salzburguense –
htpp://www.christkindlmarkt.co.at/
Feira natalina no jardim Mirabell -
http://www.weihnachtsmarkt-salzburg.at/
Feira natalina na Fortaleza de Salzburg -
http://www.salzburg-burgen.at/
Feira natalina em Hellbrunn -
http://www.adventzauber.tv/
Feira natalina em Sterngarten -
http://www.sternadvent.at/
Feira natalina em St. Leonhard -
http://www.adventmarktsanktleonhard.at/

O mundo da literatura comemora o 125 aniversário de Stefan Zweig

por Martin Uhlir

O autor do famoso livro, “Brasil – um país do futuro” nasceu no dia 28 de novembro 1881 em Viena. Morou em Viena e Salzburg. Como muitos outros intelectuais, o escritor judeu foi obrigado de fugir dos nazistas. Ele morou em Paris, Londres e Nova Iorque para chegar finalmente em Petrópolis, Brasil, onde suicidou-se em 1942 junto com sua segunda mulher.
Zweig sempre acreditou no poder dos livros.

Para Zweig um romance era um meio para contar uma boa história e para transmittir uma lição de moral. Uma outra característica da sua obra é a sua saudade do tempo antes da Primeira Guerra Mundial. Essa saudade é expressa no seu livro “O mundo de ontem – recordações de um europeu.” Outro famoso livro de Stefan Zweig é “O jogador de xadrez”.

26 novembro 2006

Áustria e Austrália

por Monika Auer, aluna do curso de português 3



Muitos se confundem, mas a Áustria é um país onde não vivem cangurus. Pelo contrário, na Áustria só se pode encontrar cangurus no jardim zoológico. Não obstante a Áustria tem muito a oferecer para seus turistas. O país tem uma variedade de paisagens muito grande, há montanhas gigantescas, vales esplêndidos e cidades magníficas que contam histórias muito interessantes.
A capital da Áustria é Viena, uma cidade com 1,5 milhão de habitantes. Em Viena há muitos monumentos e edifícios interessantes, como a catedral “.São Estevão” ou o famoso Palácio de “Schönbrunn”, residência da dinastia “Habsburger”. Outra cidade importante é Graz, capital de Estíria. Foi designada a Capital da Cultura Européia em 2003, por isso, em Graz se pode gozar de muitas ofertas culturais. Salzburgo está cheio de monumentos relacionados à família de Mozart e com a família Trapp do famoso filme “Sound of Music”. Innsbruck é uma cidade rodeada por montanhas altas, por isso, tem um ambiente extraordinário. Também vale a pena ver algumas cidades mais pequenas, por exemplo, Hallstadt ou Steyr na Alta Áustria, cidades bastante antigas ou Hallein perto de Salzburg, uma cidade celta.
Mas Áustria não só tem cidades. Também se destaca pelas paisagens rurais bonitas. No oeste do país, há montanhas muito grandes que não só no inverno convidam para andar de esqui. Em algumas partes também se pode esquiar no verão. E, se não há neve, as montanhas são perfeitas para o alpinismo. No sul da Alta Áustria e na Caríntia, pode-se encontrar muitos lagos para nadar. Em muitas partes – por exemplo na Baixa Áustria ou em Burgenland pode-se degustar vinhos deliciosos na região das vinícolas.
Cada época do ano é perfeita para visitar a Áustria. Na primavera e no outono pode-se praticar o alpinismo, no verão muita gente vai às regiões dos lagos e no inverno se pode andar de esqui. E na época de Natal realmente vale a pena visitar as cidades, porque há feiras de Natal maravilhosas. Se o tempo estiver ruim, a Áustria oferece muitas piscinas de águas termais e também há muitos museus interessantes espalhados por toda a Áustria, sobretudo nas cidades.
Como você pode ver, ainda que a Áustria não seja Austrália, também é interessantísima!

Os lavadores do touro de Salzburg ou: "die Salzburger Stierwascher"

por Jürgen Kaltenböck



Aconteceu no começo do século XVI, aproximadamente em 1525, durante as revoltas dos agricultores. Um exército inimigo atacou a cidade de Salzburg, mas não pôde conquistar a cidade toda, pois os salzburguenses se refugiaram dentro da fortaleza, da qual ninguém nunca antes havia conseguido ultrapassar as portas ou muros. Por isto, os agressores resolveram cercar a cidade até que os salzburguenses não tivessem mais nada para comer. Mas esse plano não funcionou, pois os salzburguenses não eram tolos! Depois de várias semanas, desde o começo do cerco, eles resolveram tomar medidas, pois a comida estava acabando. Havia ainda um touro. Então fizeram o seguinte:
Cada dia eles pintavam o touro com uma cor diferente. Por exemplo: um dia o touro aparecia branco com manchas pretas, outro dia branco com manchas marrons e assim por diante. E assim deixavam-no passear num lugar onde pudesse ser visto pelos inimigos. Os agressores, vendo cada dia um touro diferente, acreditaram que os salzburguenses ainda tivessem comida suficiente e decidiram retirar-se da cidade! Depois desta vitória, desta astúcia grandiosa, havia ainda uma coisa para os salzburguenses fazerem: lavar o touro! Tinham de tirar toda a tinta do touro. Por isso, levaram-no à margem do rio Salzach. Hoje em dia, conta-se que as águas do rio ficaram coloridas até a cidade de Oberndorf, que fica a mais ou menos vinte quilômetros de Salzburg. E, por causa disso, os salzburguenses receberam um nome: "Os lavadores do touro" ou "die Salzburger Stierwascher"!

Der Stammtisch

por Jürgen Kaltenböck

Stammtisch é uma palavra comum na Áustria e em algumas regiões da Alemanha e significa um encontro regular. Na língua portuguesa, uma palavra equivalente não existe. Há uma frase, uma combinação de palavras: "mesa reservada para clientes habituais". Há uma brincadeira no dialeto da língua austríaca que a frase portuguesa traduz exatamente:
"DO HUKN DE DE OIWEI DO HUKN"
ou
"AQUI SENTA QUEM SENTA SEMPRE AQUI"
Justamente, todas as semanas, estou freqüentando um encontro regular, o Stammtisch lusofônico no
café Sezession, no centro de Salzburg. Eu gostaria de contar-lhes um pouco sobre esse Stammtisch. Sou um estudante da Universidade de Estudos Românicos de Salzburg. No ano passado, meus colegas do curso Português Intensivo 1, nossa professora e eu nos encontramos uma vez depois da aula para jantar. Gostamos muito desse encontro, conversamos em português a noite toda. Foi uma possibilidade ótima para praticar mais a língua portuguesa fora da aula, bem como uma possibilidade para se conhecer melhor, e, assim, combinamos outros encontros. Depois de várias semanas, os encontros até hoje têm se realizado regularmente, todas as semanas, no mesmo lugar, sempre no mesmo horário. E quando isto acontece, os austríacos chamam esses encontros de Stammtisch.
Hoje também outras pessoas freqüentam o nosso Stammtisch no café Sezession, não apenas alunos ou professores da Universidade. Por exemplo, alguns austríacos ou alemães que ouviram de nossos encontros e gostam de conversar em português, vêm ao café. Recentemente, alguns brasileiros que vivem aqui em Salzburg visitaram o Stammtisch para conversar em alemão. Atualmente, parece que o nosso Stammtisch vai se tonando mais conhecido e desenvolve-se, transforma-se num encontro, num Stammtisch lusofônico-austríaco: uma mistura da língua portuguesa e austríaca. E todas as pessoas que gostam de conversar conosco são bem-vindas!
Pois bem. Como vocês podem ver, o Stammtisch significa quando as pessoas se encontram regularmente, todas as semanas, todos os meses ou dias, geralmente no mesmo horário. Normalmente, as pessoas que se encontram no Stammtisch se conhecem bem, são bons amigos, são colegas de trabalho ou da universidade, por exemplo, mas, às vezes, a gente traz alguém desconhecido, alguém novo. Uma vez mais pessoas, uma outra vez menos freqüentam o nosso Stammtisch, depende quem tem tempo, né?
Mas o mais importante é que o encontro se realiza sempre no mesmo lugar. Geralmente as pessoas sentam-se à mesma mesa, que está sempre reservada para eles, pois só então um encontro se chama Stammtisch.

O Stammtisch lusofônico é realizado todas as quartas, às 20h, no
Café Sezession.

19 novembro 2006

A Fortaleza Hohensalzburg

por Martin Uhlir



Chegando a Salzburg, a Fortaleza Hohensalzburg logo chama a atenção do visitante. Situada no topo do Mönchsberg, parece que até hoje está vigiando Salzburg e seus arredores.
Esta imponente fortaleza tem mais de 900 anos de história. As partes mais antigas foram construídas em 1077.
Desde o começo da sua existência, esta construção tem servido de fortaleza a arcebispos e príncipes de Salzburg no combate aos inimigos e também contra a própria população salzburguense.
Durante a Idade Média, Salzburg teve grande importância no domínio da Igreja. Como arcebispado era muito maior que Salzburg hoje, abrangendo grande parte da atual Baviera e Áustria. Mas também em questões econômicas era importante por causa da extração de sal e ouro na região. O sal (Salz) e a fortaleza (Burg) deram nome à cidade. Com o dinheiro do sal e do ouro, a fortaleza foi ampliada e fortificada.
Em 1525, a fortaleza e seus donos viveram os dias mais difíceis da sua história. Os atacantes não eram inimigos estrangeiros, mas mineiros e camponeses que se revoltaram por mais liberdade e contra os altos impostos. A fortaleza foi bloqueada durante 14 semanas, mas não foi tomada e nunca na sua história de mais de 900 anos seria tomada. É nesta época que a Lenda dos Lavadores de Touros de Salzburg tem seu fundo histórico.
No século XVII, a fortaleza foi ampliada e modernizada. Com o perigo das invasões turcas, a Fortaleza Hohensalzburg viu seus últimos dias de importância.
No começo do século XIX, era o fim do principado religioso e Salzburg foi integrada à monarquia austríaca. Durante a monarquia, a fortaleza serviu de quartel até 1861. A partir desta data, é aberta para visitantes. Hoje a Fortaleza Hohensalzburg é, depois do castelo Schönbrunn, o segundo mais visitado ponto turístico da Áustria.

foto de Martin Uhlir

Vida movida e histórias interessantes: Robert Menasse

por Michaela Baur

“Espelho Cego”, “A Expulsão do Inferno”, “A Estética Social”. Por trás destas obras está o nome de Robert Menasse, ensaísta e um dos maiores escritores austríacos atuais. Nascido em 1954 em Viena, estudou filologia germânica, filosofia e ciências políticas em Viena, Salzburg e Messina, de 1981 a 1988 esteve em São Paulo na função de docente universitário e desde 1988 trabalha como autor free-lance e tradutor de português do Brasil.
No seu primeiro romance publicado, “A Certeza Sensível” (“Sinnliche Gewissheit”), Robert Menasse reflete o período da sua estada no Brasil. Através da narração de Roman Gilanian, vienense, professor visitante do Instituto de Estudos Germânicos da Universidade de São Paulo e alter-ego de Menasse, o leitor convive as suas experiências: a vida noturna, as relações amorosas, as conversas filosóficas, o dia-a-dia universitário. Menasse desenvolve o tema da terra alheia e do exílio. Não se sente aclimado em São Paulo, só chegou fisicamente no Brasil, a Áustria já não é mais pátria. Porém, é este sentimento de alheamento e solidão que lhe permite um olhar mais distanciado sobre o Brasil e também sobre o seu país de origem, a Áustria.
“Queria contar uma história importante e intessante, isto é: nada.” – “Ich wollte eine wichtige und intereressante Geschichte erzählen, nämlich: Nichts“, diz Roman Gilanian no início do romance “A Certeza Sensível”. As obras de Robert Menasse falam de questões filosóficas, da tradição judaica, do Brasil dos anos 80, da Áustria do pós-guerra, da história e da identidade austríaca – em poucas palavras: contam histórias importantes e interessantes
.

foto extraída do site: http://de.wikipedia.org/

O “26 de outubro” na Áustria - O Feriado Nacional e sua (des-)importância

por Martin Uhlir

Geralmente o Feriado Nacional é um dia de grande importância para a história do país. Neste dia, comemora-se uma vitória bélica, a independência da nação ou a fundação da república.
No Brasil, comemoram-se os dois últimos eventos, que foram fundamentais na história brasileira. A Independência do Brasil é comemorada no dia 7 de setembro e a Proclamação da República na dia 15 de novembro.
Na Áustria o dia de Festa Nacional ocorre no dia 26 de outubro. Mas qual é o significado dessa data?
Sondagens mostram que muitos austríacos ignoram o sentido dessa data ou celebram um acontecimento que não corresponde com o evento oficialmente celebrado.
Como se explica este fato?
A explicação encontramos na história do dia de Festa Nacional bem como na história da Áustria em geral.
Depois da Primeira Guerra Mundial, a monarquia austríaca, que era um Estado multinacional, havia acabado. Importantes recursos naturais e de produção numa só vez encontravam-se fora do país. Por causa disso, uma grande parte das elites pensava que a Áustria, sozinha, não podia sobreviver e acreditava-se que a unificação com a Alemanha fosse a melhor opção.
Então, no dia 12 de novembro 1918 foi proclamada a República Teuto-Áustria (Deutschösterreich). Dessa forma, delimitou-se do Estado multinacional da monarquia e expressando o desejo de unificação com a Alemanha.
A partir de 1919, celebrava-se o dia 12 de novembro como dia de Festa Nacional, apesar de a burguesia nunca reconhecer inteiramente esse dia como dia de Festa Nacional. Para a burguesia, a proclamação da república foi uma vitória da esquerda e uma derrota própria.
As diferenças entre a burguesia e a esquerda não limitavam-se ao dia de Festa Nacional, mas estendiam-se a diversos temas e eram insolúveis. A situação piorou de uma maneira tal que resultou numa guerra civil e na vitória da direita. Em 1934, a ditatura austro-facista foi instaurada. Neste regime, não se comemorava mais o dia 12 de novembro, dia da proclamação da república, e durante o regime nazista, época em que a Áustria não existia, tampouco.
Só em 1945, após a libertação da Áustria dos nazis pelos aliados, recomeçaram as discussões sobre um dia de Festa Nacional.
Os partidos políticos não queriam voltar a festejar o dia da proclamação da república por diversos motivos. Os conservadores não queriam, porque ainda consideravam-no sendo um dia de festa da esquerda e os socialistas não o queriam tampouco porque não queriam relembrar-se do desejo de unificação com a Alemanha.
Oficialmente não foi criado um dia de Festa Nacional, mas se comemorava o dia 13 de abril como o dia de libertação dos nazistas.
Com a demora da ocupação do país pelos soldados aliados e especialmente com o sofrimento causado pelos soldados soviéticos, a oposição contra essas comemorações aumentou.
Com a assinatura do acordo estatal, no dia 15 de maio de 1955, a Áustria recuperou a soberania completa e o dia 25 de outubro foi fixado como o dia no qual o último soldado estrangeiro deveria sair do país. Então, logo depois, decidiu-se comemorar esse evento no dia 25 de outubro.
Mais já em 1956 as comemorações mudaram de data e de significado oficial. De 1956 até hoje, comemora-se oficialmente o estabelecimento da lei constitucional sobre a neutralidade da Áustria.
Por causa dos acontecimentos históricos, os partidos políticos tiveram muitas dificuldades em entrar em acordo e fixar a data do Feriado Nacional. Por causa disso, não escolheram a Proclamação da República ou a libertação da Áustria dos nazistas mas um fato, na época, pouco controverso. A neutralidade é certamente uma coisa importantíssima para a Áustria e os austríacos, mas mesmo assim não emociona a população em geral e menos ainda os mais jovens.