20 dezembro 2006

Mariana Martins: tetracampeã brasileira

por Günther Schmidhuber

Günther Schmidhuber: Mari, parabéns pelo quarto título brasileiro de Wakeboard! Você mudaria a categoria no circuito brasileiro de 2006 entre os homens? Por quê?
MM: Como eu estava tendo uma certa facilidade na categoria feminina, eu acabava sendo um pouco mais conservadora nas minhas manobras para fazer uma passada inteligente nos campeonatos.
Indo para a categoria superior (que nesse caso é a categoria masculina), eu vou ser “obrigada” a arriscar mais nas manobras e isso vai aumentar meu nível de wake. Acho que assim eu posso evoluir bastante e alcançar as gringas.

Günther Schmidhuber: Como é um típico dia de Mari Martins?
MM: No dia-a-dia eu acordo e vou pra Lagoa treinar. Depois vou pro trabalho e à noite faço preparo físico. Aí já tá na hora de dormir pra andar de wake bem cedo no dia seguinte.....

Günther Schmidhuber: De onde você pega esta sua motivação?
MM: Minha motivação vem de mim mesma. De eu achar sempre que eu posso ser bem melhor do que eu sou, que sempre vai ser possível aprender manobras mais difíceis ou melhorar as manobras que eu já sei.

Günter Schmidhuber: O que significam as “férias” para você, aonde Mari Martins pode relaxar?
MM: Férias significam um tempo que eu não tenho que trabalhar e posso andar de wake o dia inteiro. Gosto de ir pra represa e ficar no barco o dia todo.

Günther Schmidhuber : Se você tivesse de decidir por um outro esporte, o que escolheria e por quê?
MM: Surf, com certeza. Eu adoro surfar, pena que não sobra muito tempo, mas pra mim é o melhor esporte depois do wake. Quando eu diminuir o ritmo do wake, sem dúvida alguma, vou me dedicar ao surf.

Günther Schmidhuber: Quais são os as coisas mais importante para quem está começando no wakeboard?
MM: Acho importante ter aulas ou pelo menos alguém que entenda um pouco do esporte para orientar. Isso acelera o processo: evita muitas quedas e vícios e faz a pessoa começar a se divertir mais rápido.

Günther Schmidhuber: Quais são seus planos para o futuro?
MM: Quero aprender muitas manobras, melhorar as manobras que eu já sei, começar a competir de igual pra igual com os meninos e ter bons resultados. E assim chegar no nível das mulheres que competem internacionalmente.

Mariana Martins, nascida no Rio de Janeiro, 28 anos, pratica Wakeboarding desde 1999 e é patrocinada pela empresa austríaca Red Bull sediada em Fuschl, perto de Salzburg.





19 dezembro 2006

Natal em São Tomé e Príncipe


por Anna Csilla Banfoldy







Adriano Neto, são-tomense residente em Salzburg há 5 anos conta-nos sobre os costumes natalinos de seu país natal.

Adriano, me conte, quem é que traz os presentes às crianças. É o Papai Noel?
Papai Noel é a figura conhecida para o Natal, mas não é ele que traz os presentes. Desde o começo, as crianças são conscientes que os pais trazem os presentes. Meu própio pai encondia os presentes num quarto.
Mas a figura principal no Natal continua sendo Jesus Cristo e seu nascimento. Em São Tomé é considerado uma festa de Deus e é um ato religioso com a família. Depois dos presentes, normalmente as crianças vão dormir e os adultos visitam a Missa do Galo à meia noite na igreja.

Que tipo de decoração vocês têm no Natal?
Dois, três dias antes do dia 24 de dezembro nos colocamos o presépio em casa. Normalmente os presépios e suas figuras são de barro com o chão de areia. O teto é coberto de folhas de palmeiras.
Nos tempos coloniais posicionavam-se os presépios em frente a casa ou na beira da estrada para serem premiados as três mais bonitas. Hoje em dia, os presépios são e ficam dentro de casa. Há mais ou menos cinco anos atrás, voltou a tradição colonial, em que o governo premia os presépios mais bonitos de um bairro.

Algo mais de decoração natalina? Vocês têm árvore de Natal?
Não propriamente, mas inventa-se com palmeiras e coqueiros, pleridófilas, que são plantas pequenas. Elas são decoradas com lâmpadas coloridas, mas não tão iluminosas por causa da falta de eletricidade em São Tomé.
Além do mais, imagens de Jesus ou de Maria são iluminadas com vela em época de Natal.

O que se come no dia de Natal?
No dia 24 de dezembro há varias possibilidades, mas principalmete come-se carne, pois carne é um luxo em São Tomé. Normalmente preparam carne assada de porco, frango ou pato. A carne é acompanhada com batata portuguesa, “mata-bala” (que é uma espécie de tubérculo), “calulu” (um prato típico de São Tomé à base de legumes, couve, azeite ou óleo de palma) ou banana cozida. O bacalhau também é considerado um peixe caro e pode-se prepará-lo cozido com “Piri-Piri”, um tempero forte típico. De sobremesa, as pessoas preparam bolos, arroz doce ou arroz de Índia, que é semelhante ao arroz doce misturado com milho.

Obrigada, Adriano, pela entrevista!
Eu que agradeço! Um feliz Natal e um próspero Ano Novo a todos os leitores da Folha de Salzburg!

E você? Como você comemora o seu Natal? Venha compartilhar conosco!

A passagem do ano no Japão

Arranjo de pinheiro e bambu, em japonês, kadomatsu


Comida japonesa para o Ano Novo
Osechiryori

por Sayoko Kaschl

No fim do ano, os japoneses ficam muito ocupados. Quase todas as firmas e lojas ficam fechadas durante os primeiros dias de janeiro e as comidas tradicionais de Ano Novo têm que ser preparadas. Geralmente, os restaurantes também ficam fechados e as casas têm que estar bem arrumadas.
Além disso, a gente tem que festejar bonenkai (a festa para esquecer o ano) com os colegas do trabalho, da universidade ou de outros institutos e clubes. Nessa festa, a gente tem a possibilidade de fazer as pazes com seus colegas e os chefes. Acho que as firmas de bebida alcoólica fazem o maior negócio de todo ano. Ou como dizem os brasileiros é um negócio da China!
Na véspera do Ano Novo, nós desfrutamos da calma após o estresse das semanas passadas em casa e escutamos o som do sino no templo. Na verdade, 108 vezes. Segundo o budismo, isso livra-nos das cobiças do corpo e coração. Escutamos este som do sino à meia noite na TV ou visitamos o templo para escutar o mesmo e depois desejamos a todos boa sorte para o Ano Novo no templo. Então, no Japão, há só o som do sino e não há fogos de artifício.

No Ano Novo, nós começamos o primeiro dia dizendo “Akemashite omedetougozaimasu!” (a boa sorte no Ano Novo) e bebemos “toso”, o vinho de arroz com as várias ervas para nossa boa saúde. Durante os primeiros três dias de janeiro, visitamos os amigos e parentes e também recebemos visitas. Geralmente vestimos kimonos, roupas tradicionais japonesas ou outras roupas festivas. A gente pode ver as crianças jogando hanetsuki, em português peteca, um esporte muito tradicional e antigo, jogado com duas raquetes de madeira batendo a pequena bola de madeira com algumas penas coloridas na rua pequena ou no parque.
As cores festivas de kimonos, o som de hanetsuki e a decoração especial para o Ano Novo feita de ramos de pinheiro e bambu ao lado da porta da casa são, para mim, os destaques do Ano Novo no Japão.

Akemashite omedetougozaimasu!




17 dezembro 2006

Krampus: o companheiro diabólico de São Nicolau


por Thomas Frisch

Outro dia, numa conversa entre austríacos e uma brasileira surgiu a pergunta quem é afinal o “Krampus”. Um amigo meu deu-me a seguinte explicação: “O costume tradicional do conceito do “Krampus” representa o prazer dos austríacos em se embriagar e sair batendo nas pessoas.” Será que não tem algo além dessa tradição que está passando por um verdadeiro renascimento com respeito a sua popularidade desde os anos 70? Hoje em dia quando cada aldeia, cada clube, cada partido político tem a sua corrida ou sua festa aparece a figura de “Krampus”.



Mas vamos a um olhar mais profundo. Quem é o Krampus? Uma primeira tentativa de explicação é consatar que ele é o companheiro do São Nicolau, que viveu por volta do ano 300 numa região do sul Turquia de hoje. Não se sabe muitos fatos da vida dele, mas existem numerosas lendas sobre milagres e, por isso, ele é ainda hoje um dos santos mais adorados no mundo. Enquanto que no Brasil se refere ao nome do Papai Noel, na Áustria ele tem seu próprio feriado no dia 6 de dezembro, data do seu falecimento.

A origem do companheiro de São Nicolau é discutida, mas muito está relacionada a raízes pagãs. O conceito desta criatura tem uma longa história e se encontra desde o século VIII ou ainda antes. Mas a própria palavra “Krampus”, que é predominante na região de Salzburg, começou a ser usada a partir do século XIX. Há também muitas outras palavras dependendo da região, mas o conceito básico é o mesmo.

O “Krampus” é uma criatura realmente torva e diabólica. Normalmente vestido com uma máscara de madeira feia com cornos, roupas de pele de ovelha ou cabra, grandes sinos pesados portados na cintura e varas feitas de rabos de vaca, cavalo ou de galhos servindo de armas para bater.

O que é interessante é que, com o tempo, o costume pagão do “Krampus” se misturou com o ritual religioso do São Nicolau. Durante vários séculos, a igreja católica tentou proibir o costume pagão, mas finalmente conseguiu cristianizá-lo. A partir de século XIX, o “Krampus” aparece como acompanhante do São Nicolau. Desde então o ritual fica basicamente o mesmo. Enquanto o São Nicolau representa o Bem e Deus, o “Krampus” equivale ao Mal com um certo toque diabólico.

No dia 6 de dezembro, então, o São Nicolau com seus vários “Krampusse” tem a função de juiz para as crianças. Num livro de ouro estão escritos todos os atos decentes e indecentes do ano passado. Através desses atos, o São Nicolau gratifica as crianças bem-comportadas com amendoins, laranjas e doces, e o “Krampus” castiga as crianças malcriadas usando métodos como por exemplo: bater com a vara nas crianças ou metê-las num grande cesto. Assim o ritual de São Nicolau tem uma forte relação com a educação das crianças para um comportamento desejável cuja relevância é muito discutida hoje em dia.

De todo jeito, misturavam-se vários rituais, o de Percht (um outro costume pagão), do “Krampus” e de São Nicolau para uma única festa cristã (o dia de São Nicolau) no dia 6 de dezembro, embora exista também o dia do “Krampus” com o dia 5 de dezembro. A corrida do Krampus que você consegue encontrar em cada aldeia na semana antes do dia de São Nicolau não têm muita relação com esses costumes. É mais um espetáculo com enormes fogos, sílfides, meninas com saias curtas e monstros que têm mais semelhança com morcegos ou a cara do Marilyn Manson que com o “Krampus”. Mas ainda existe o São Nicolau e seus companheiros torvos, que andam de casa em casa para manter a tradição viva.

Fontes e mais informações (tudo em alemão):
Krampusmuseum:
http://krampusmuseum.suetschach.com/
Wikipedia:
http://de.wikipedia.org/wiki/Krampus
http://de.wikipedia.org/wiki/Nikolaus_von_Myra
Artigo de um professor de Germanistica na Universidade de Salzburg:
http://www.fmueller.net/krampus_de.html