Krampus: o companheiro diabólico de São Nicolau

por Thomas Frisch
Outro dia, numa conversa entre austríacos e uma brasileira surgiu a pergunta quem é afinal o “Krampus”. Um amigo meu deu-me a seguinte explicação: “O costume tradicional do conceito do “Krampus” representa o prazer dos austríacos em se embriagar e sair batendo nas pessoas.” Será que não tem algo além dessa tradição que está passando por um verdadeiro renascimento com respeito a sua popularidade desde os anos 70? Hoje em dia quando cada aldeia, cada clube, cada partido político tem a sua corrida ou sua festa aparece a figura de “Krampus”.

Mas vamos a um olhar mais profundo. Quem é o Krampus? Uma primeira tentativa de explicação é consatar que ele é o companheiro do São Nicolau, que viveu por volta do ano 300 numa região do sul Turquia de hoje. Não se sabe muitos fatos da vida dele, mas existem numerosas lendas sobre milagres e, por isso, ele é ainda hoje um dos santos mais adorados no mundo. Enquanto que no Brasil se refere ao nome do Papai Noel, na Áustria ele tem seu próprio feriado no dia 6 de dezembro, data do seu falecimento.
A origem do companheiro de São Nicolau é discutida, mas muito está relacionada a raízes pagãs. O conceito desta criatura tem uma longa história e se encontra desde o século VIII ou ainda antes. Mas a própria palavra “Krampus”, que é predominante na região de Salzburg, começou a ser usada a partir do século XIX. Há também muitas outras palavras dependendo da região, mas o conceito básico é o mesmo.
O “Krampus” é uma criatura realmente torva e diabólica. Normalmente vestido com uma máscara de madeira feia com cornos, roupas de pele de ovelha ou cabra, grandes sinos pesados portados na cintura e varas feitas de rabos de vaca, cavalo ou de galhos servindo de armas para bater.
O que é interessante é que, com o tempo, o costume pagão do “Krampus” se misturou com o ritual religioso do São Nicolau. Durante vários séculos, a igreja católica tentou proibir o costume pagão, mas finalmente conseguiu cristianizá-lo. A partir de século XIX, o “Krampus” aparece como acompanhante do São Nicolau. Desde então o ritual fica basicamente o mesmo. Enquanto o São Nicolau representa o Bem e Deus, o “Krampus” equivale ao Mal com um certo toque diabólico.
No dia 6 de dezembro, então, o São Nicolau com seus vários “Krampusse” tem a função de juiz para as crianças. Num livro de ouro estão escritos todos os atos decentes e indecentes do ano passado. Através desses atos, o São Nicolau gratifica as crianças bem-comportadas com amendoins, laranjas e doces, e o “Krampus” castiga as crianças malcriadas usando métodos como por exemplo: bater com a vara nas crianças ou metê-las num grande cesto. Assim o ritual de São Nicolau tem uma forte relação com a educação das crianças para um comportamento desejável cuja relevância é muito discutida hoje em dia.
De todo jeito, misturavam-se vários rituais, o de Percht (um outro costume pagão), do “Krampus” e de São Nicolau para uma única festa cristã (o dia de São Nicolau) no dia 6 de dezembro, embora exista também o dia do “Krampus” com o dia 5 de dezembro. A corrida do Krampus que você consegue encontrar em cada aldeia na semana antes do dia de São Nicolau não têm muita relação com esses costumes. É mais um espetáculo com enormes fogos, sílfides, meninas com saias curtas e monstros que têm mais semelhança com morcegos ou a cara do Marilyn Manson que com o “Krampus”. Mas ainda existe o São Nicolau e seus companheiros torvos, que andam de casa em casa para manter a tradição viva.
Fontes e mais informações (tudo em alemão):
Krampusmuseum:
http://krampusmuseum.suetschach.com/
Wikipedia:
http://de.wikipedia.org/wiki/Krampus
http://de.wikipedia.org/wiki/Nikolaus_von_Myra
Artigo de um professor de Germanistica na Universidade de Salzburg:
http://www.fmueller.net/krampus_de.html
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